Posted by Fernanda Wagner | Posted in Psicologia e atualidades | Posted on 14:19
A psicoterapia é considerada o tratamento mais eficaz das perturbações ansiosas e pressupõe que os doentes possam reviver as situações de trauma. Dentro dela, a realidade virtual permite uma exposição artificial às raízes do medo.
Com óculos de três dimensões e fones de ouvido, o paciente é levado a interagir com personagens, objetos e cenários gerados tridimensionalmente – pode ser o interior de um avião, um elevador em pane, um metrô ou o topo de um arranha-céu. Estudos mostram que a eficácia terapêutica da realidade virtual é similar à da exposição real.
No último domingo liguei a TV e no Fantástico estava passando uma matéria sobre o tema, que falava que as experiências virtuais estimulam a neuroplasticidade que o cérebro tem de moldar e recuperar uma função perdida em outras áreas.
1) Técnica Utilizada
Algumas vezes, os medos são tão intensos, que a exposição direta ao estímulo condicionado poderia agravar mais ainda a situação do cliente. Neste caso pode ser utilizada a dessemsibilização sistemática , que consiste em dividir o procedimento em vários passos e apresentar os estímulos gradualmente com base em uma escala crescente de intensidade do estímulo, antes de colocar a pessoa em uma situação real (1). O terapeuta tem a capacidade de controlar quais estímulos estarão presentes e quando eles aparecerão.
2) Psicopatologias tratadas
Estresse pós-traumárico em caso de ex-combatentes de guerra: O objetivo da terapia por realidade virtual é haver uma "imersão" no ambiente de emboscada, com tiros, explosões e salvamentos de helicóptero.A ideia é o cliente conseguir perceber que as memórias traumáticas que tem se reportam a um tempo que passou.
Fobia de Dirigir: A terapia de exposição por realidade virtual diminui a ansiedade/esquiva relacionadas à fobia de dirigir e, consequentemente, poderia ser usada como um passo inicial da terapia por exposição ao vivo.3) Funcionamento Neurológico
A explicação biológica para este tipo de perturbações ainda não está concluída. Quando a pessoa ouve uma palma repentina, a amígdala dispara e inunda o cérebro com adrenalina e noradrenalina. Na perturbação pós-traumática, pensa-se que estes mecanismos estão desregulados porque existe uma memória antiga que,ao menor estímulo, neste caso auditivo, é trazida para os dias atuais. Estes hormonios fecham o lobo frontal, o sistema executivo do cérebro.
(1) MEDEIROS, C.A.;MOREIRA,M.B. Princípios básicos de análise do comportamento.Porto Alegre: Artmed, 2007.
Será que a realidade virtual será ferramenta comum das futuras clínicas psicológicas?
Eu acredito que sim. Só efetivamente aprendemos novas formas de se comportar - e pensar - na medida em que entramos em contato com as contingências ambientais, e a realidade virtual traz essas contingências de forma inovadora para o contexto clínico.
Parabéns pelo texto. Um abraço!