Dificuldades na formação dos Psicólogos para atuar em Serviços Públicos de Saúde

Fernanda Wagner
Acadêmica da segunda fase
do curso de Psicologia

A partir do novo conceito de saúde decidido pela Organização Mundial da Saúde que a definiu como sendo, não somente um estado de bem-estar físico, mas também mental e social, deu-se importância ao profissional de psicologia, fato que, por volta dos anos 80, abriu as portas para a entrada dos psicólogos na rede de saúde pública brasileira. Desde então os recém graduados e profissionais vem enfrentando obstáculos na atuação nos serviços de saúde básica devido a alguns fatores como, por exemplo, a formação sem qualificação para o cargo e métodos de trabalho limitados.

Grande parte dos alunos de psicologia é composta por alunos de classe social média e sua formação é voltada para a atuação em clínicas particulares, direcionadas a esta mesma classe, que priorizam as técnicas psicoterápicas como modelo de atendimento. A população que freqüenta as unidades básicas de saúde acaba sendo atendida por este mesmo modelo, independentemente dos seus objetivos e características, não surtindo o efeito esperado porque não compartilham a mesma classe e contexto social, as mesmas idéias de saúde, doenças, subjetividade, maneiras de expressão e nem visão de mundo igual. Diante destas diferenças os psicólogos optam entre duas alternativas: sentirem-se impotentes e desistirem de atuar nessa área, ou ultrapassar as fronteiras deste modelo limitado de formação acadêmica e atuação profissional e adaptar-se a este tipo de realidade levando em conta as diferenças sociais e culturais e questões como desemprego, pobreza e violência.

Além das dificuldades ocasionadas pelo despreparo da formação do psicólogo há também uma falta de aceitação dos pacientes aos programas elaborados pelos setores de psicologia, que tem suas expectativas em relação ao trabalho deste profissional, pelo abandono dos tratamentos devido à inadequada atuação dos psicólogos, e grande número de faltas. Outros fatores como, por exemplo, a carência de instalações físicas, materiais e a defasagem salarial contribuem para o descontentamento na carreira da saúde pública. A recém entrada dos psicólogos na rede de saúde pública fez com que os profissionais enfrentassem desafios, entre os quais estão o despreparo na graduação acadêmica, que forma profissionais para atuar somente com um padrão de classe social.

Fontes:

DIMENSTEIN, Magda. O Psicólogo nas Unidades Básicas de Saúde: Desafios para a formação e atuação profissionais. Estudos de Psicologia. Vol. 3, número 001. Universidade Federal do Rio Grande do Norte,Brasil.1998.

Encontro Com a Diversidade. Ciência e Profissão. 2006.

*Texto realizado para a disciplina Psicologia e Saúde, ministrada pela Professora Claudete Marcon.